13+1 poemas de Sérgio Medeiros

 

Por Sérgio Medeiros*

Curador de la muestra Fabrício Marques

Traducción por Fedra Rodríguez

Crédito de la foto Angela Amarante

 

 

 

13+1 poemas de Sérgio Medeiros

 

 

1.

PIEDRAS PORTUGUESAS (PRIMERA VERSIÓN)

 

[Se trata de um poema de Richard Long que no reproduciré aquí. Solo anunciaré su punto de partida. Que no queda explícito en dicho poema.]

 

one, two, three, and away!

 

 

 

2.

PORTUGUESE STONES (SECOND VERSION)

[Stones placed by the roadside each day along a walk of 463 miles from the south to the north of Portugal.]

[Spring 2014]

 

one, two, three, and away!

one stone in Albufeira

two stones near Vale Marmeleiros

three stones near Ourique

four stones in Alcácer do Sal

five stones in Marateca

six stones near Infantado

seven stones near Alpiarça

eight stones in Tomar

nine stones in Barqueiro

ten stones near Coimbra

eleven stones in Tondela

twelve stones near Viseu

thirteen stones in Carvalhosa

fourteen stones near Cinfães

fifteen stones near Lixa

sixteen stones in Braga

seventeen stones in  Monção

etc.

etc.

 

 

 

3.

CINCO VAGONES

 

– viajando por el vidrio de la ventana estremecida

el insecto muestra a quienes están fuera

una piernita sin el pie y una antena

más corta que la otra larguísima

:

tal vez la antena parezca corta porque es algo transparente

pero seguro uno de los pies se fue

aunque le quedan otros tres

intactos para con ellos pasear por el vagón

en caso de que prefiera no volar allí adentro

 

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4.

EL PASEO DE LOS BICHOS (PRIMERA VERSIÓN EXTRAÍDA DEL POPOL VUH)

 

– entonces el piojo se fue

saltando

 

– un sapo se lo tragó

y se fue saltando

 

– una serpiente los etc.

y se fue coleando

 

– un halcón los etc.

y se fue volando

 

– hasta el fin del viaje

o del paseo…

 

 

 

5.

EL PASEO DE LOS BICHOS (SEGUNDA VERSIÓN)

 

– en la superficie blanca

del murete recién pintado

se pasean hormigas

aparentemente buscando

con gran nerviosismo

posibles impurezas

 

– una araña inerte

en el murete blanco

pierde poco a poco

sus largas piernas finas

hecha una grapadora

perfeccionista que arrojara

fuera todas las grapas

imperfectas

 

 

 

6.

EL PASEO DEL ANDARIEGO JAPONÉS

 

 

– una carretera placentera

lleva a un bello edificio

que es el crematorio

dijo más o menos

una vez un andariego

que escribía haiku

 

 

 

7.

EL CAMINO

 

– sobre el murete

que separa las vías

de la carretera una bota

envejece aparentemente

inmune a los vientos que

mecen todo

 

 

 

8.

EL QUE FLUCTÚA

 

– la hoja en el suelo es tal

cual la cáscara de un plátano

muy maduro de un

marron oscuro

pero de pronto es

empujada por el viento

y fluctúa a ras del suelo

yéndose locamente

 

 

 

9.

CASI

 

– entre hojas blandengues

una única hoja tierna

oscila majestuosa como un

pájaro negro en una rama

que mira desde lo alto hacia la carretera

enfrente

 

 

 

10.

CONTENIDOS

 

– por la mañana temprano dirigidos

hacia el sol tres carteles

blancos a la espera de nuevos

anuncios y a su lado

en el suelo están posados

cuatro contenedores verdes

limpios también

aguardando

 

 

 

11.

TANEDA SANTOKA

 

– en el árbol seco se secan

mis medias dijo más o

menos una vez el andariego

que escribía buenos haiku

 

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12.

AGONÍA EN PLAZA PÚBLICA (PRIMERA VERSIÓN)

 

– una palma verde enloquece

al viento y parece querer cornear

a alguien o tirar algo con la boca

o doblándose mucho vomitar en

la plazuela alguna cosa atascada en su

garganta pues hace horas ella se

retuerce allí en vano

 

– un pesado pantalón vaquero azul

toma sol tirado en un banco

sin moverse bajo la mirada de

una gaviota posada en un poste

como petrificada

el viento agita las olas

de la ensenada y las ramas ruidosas

de la plazuela

 

 

 

13.

AGONÍA EN PLAZA PÚBLICA (SEGUNDA VERSIÓN)

 

– echada de espaldas en la escalera

de la plaza una cucaracha amanece

cubierta de hormiguitas como por

una sábana negra estrecha que sus patas

inertes parecen estirar eternamente

sobre sí misma

 

 

 

14.

LA RATA Y EL UNICORNIO

 

– marchita en la acera la rata sonriente

se levanta de repente apareciendo enorme

sobre los coches estacionados y sigue

a llenarse de aire mientras manos la sostienen

por la espalda hasta dejarla perfectamente

recta

 

– en cada coche estacionado al lado

del parque es colocado sobre el capó

un gran cono colorido como un cuerno

de unicornio

 

 

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———————————————————————————————————————————

(versión original de los poemas em português)

 

 

13+1 poemas de Sérgio Medeiros

 

 

1.

PEDRAS PORTUGUESAS (PRIMEIRA VERSÃO)

[Trata-se de um poema de Richard Long que não reproduzirei aqui. Apenas anunciarei o seu ponto de partida. Que não está explícito no referido poema.]

 

one, two, three, and away!

 

 

 

2.

PORTUGUESE STONES (SECOND VERSION)

[Stones placed by the roadside each day along a walk of 463 miles from the south to the north of Portugal.]

[Spring 2014]

 

one, two, three, and away!

one stone in Albufeira

two stones near Vale Marmeleiros

three stones near Ourique

four stones in Alcácer do Sal

five stones in Marateca

six stones near Infantado

seven stones near Alpiarça

eight stones in Tomar

nine stones in Barqueiro

ten stones near Coimbra

eleven stones in Tondela

twelve stones near Viseu

thirteen stones in Carvalhosa

fourteen stones near Cinfães

fifteen stones near Lixa

sixteen stones in Braga

seventeen stones in  Monção

etc.

etc.

 

 

 

3.

CINCO VAGÕES

 

– viajando no vidro da janela estremecida

o inseto mostra a quem estiver do lado de fora

uma perninha sem o pé e uma antena

mais curta do que a outra longuíssima

:

talvez a antena pareça curta porque é meio transparente

mas com certeza um dos pés se foi

restando-lhe porém três outros

intactos para com eles passear pelo vagão

caso prefira não voar lá dentro

 

 

 

4.

O PASSEIO DOS BICHOS (PRIMEIRA VERSÃO EXTRAÍDA DO POPOL VUH)

 

– então o piolho se foi

saltando

 

– um sapo o engoliu

e se foi pulando

 

– uma cobra os etc.

e se foi coleando

 

– um falcão os etc.

e se foi voando

 

– até o final da viagem

ou do passeio…

 

 

 

5.

O PASSEIO DOS BICHOS (SEGUNDA VERSÃO)

 

– na superfície branca

da mureta recém-pintada

passeiam formigas

aparentemente buscando

com grande nervosismo

possíveis impurezas

 

– uma aranha inerte

na mureta branca

perde pouco a pouco

as longas pernas finas

feito um grampeador

perfeccionista que lançasse

fora todos os grampos

imperfeitos

 

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6.

O PASSEIO DO ANDARILHO JAPONÊS

 

– a estrada aprazível

dá num belo edifício

que é o crematório

disse mais ou menos

uma vez um andarilho

que escrevia haiku

 

 

 

7.

O CAMINHO

 

– em cima da mureta

que separa as pistas

da estrada uma bota

envelhece aparentemente

imune aos ventos que

balançam tudo

 

 

 

8.

O QUE FLUTUA

 

– a folha no chão é tal

qual a casca de uma banana

muito madura de

um marrom-escuro

mas de repente é

empurrada pelo vento

e flutua rente ao chão

indo embora loucamente

 

 

 

9.

QUASE

 

– entre folhas molengas

uma única folha tenra

a oscilar majestosa como um

pássaro negro num galho

que olha do alto para a estrada

em frente

 

 

 

10.

CONTEÚDOS

 

– de manhã cedo voltados

para o sol três outdoors

brancos à espera de novos

anúncios e ao lado deles

no chão estão pousadas

quatro caçambas verdes

limpas também

aguardando

 

 

 

11.

TANEDA SANTOKA

 

– na árvore seca estão secando

as minhas meias disse mais ou

menos uma vez um andarilho

que escrevia bons haiku

 

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12.

AGONIA EM PRAÇA PÚBLICA (PRIMEIRA VERSÃO)

 

– uma palma verde enlouquece

no vento e parece querer chifrar

alguém ou puxar algo com a boca

ou curvando-se muito vomitar na

pracinha alguma coisa presa na sua

garganta pois há horas ela se

contorce ali em vão

 

– uma pesada calça jeans azul

toma sol largada num banco

sem se mexer sob o olhar de

uma gaivota pousada num poste

como que petrificada

o vento agita as ondas

da enseada e os galhos barulhentos

da pracinha

 

 

 

13.

AGONIA EM PRAÇA PÚBLICA (SEGUNDA VERSÃO)

 

– deitada de costas na escadaria

da pracinha uma barata amanhece

coberta por formiguinhas como por

um lençol negro estreito que suas patas

inertes parecem puxar eternamente

sobre si mesma

 

 

 

14.

O RATO E O UNICÓRNIO

 

– murcho na calçada o rato sorridente

se levanta de repente aparecendo enorme

acima dos carros estacionados e continua

a se encher de ar enquanto mãos o amparam

pelas costas até deixá-lo perfeitamente

ereto

 

– em cada carro estacionado ao lado

do parque é colocado sobre o capô

um grande cone colorido como um chifre

de unicórnio

 

 

 

 

 

 

*(Mato Grosso do Sul-Brasil, 1959). Poeta, ensayista, traductor y catedrático de Literatura en la Universidade Federal de Santa Catarina (Brasil). Phd. por Stanford University (EE. UU.) Ha publicado em poesía: Mais ou menos do que dois (2001), Alongamento (2004), Totem & Sacrifício (2007), O sexo vegetal (2009)Figurantes (2011), Totens (2012), O choro da aranha (2013) y O fim de tarde de uma alma com fome (poema dramático) (2015); en prosa O desencontro dos canibais (2013), O sonho do xamã (2014) y Contos de duendes e folhas secas (2016); y en ensayo Makunaíma e Jurupari (2002) y A formiga-leão e outros animais na Guerra do Paraguai (2015).

Los poemas que integram esta breve antologia, fueron traducidos al italiano y serán parte del libro Poemas que se deslocam (próxima publicación digital en 2017).

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*(Mato Grosso do Sul-Brasil, 1959). Poeta, ensaísta e professor de literatura na Universidade Federal de Santa Catarina. Publicou vários livros de poesia: Mais ou menos do que dois (2001), Alongamento (2004), Totem & Sacrifício (2007), O sexo vegetal (2009)Figurantes (2011), Totens (2012), O choro da aranha (2013) e O fim de tarde de uma alma com fome (poema dramático) (2015); em prosa O desencontro dos canibais (2013), O sonho do xamã (2014) e Contos de duendes e folhas secas (2016); e em ensaio Makunaíma e Jurupari (2002) y A formiga-leão e outros animais na Guerra do Paraguai (2015).

Os poemas que integram esta breve antologia já foram traduzidos para o italiano e farão parte do livro Poemas que se deslocam, a sair no Brasil em versão digital em 2017.

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